domingo, maio 30, 2004

Aleixo I



Ao passar os olhos, ao acaso, pelos livros que ainda tenho em casa de minha mãe, encontrei um do "poeta Aleixo" (Este Livro Que Vos Deixo...). Semi-analfabeto, tendo já morrido em 1949, teve sua poesia editada em 69 e 70 por seu filho, com edições esgotadas. Esta minha edição é a 4ª, de 1977. Mais ou menos ao acaso, aqui deixo algumas quadras (prometo apontar mais algumas por aqui...).

«Há tão pouca coisa boa,
tanta má por boa escrita,
que quando o bem se apregoa
quase ninguém acredita.»

«Da guerra os grandes culpados,
que espalham a dor na terra,
são os menos acusados
como culpados da guerra.»

«Que o mundo está mal, dizemos,
e vai de mal a pior;
e, afinal, nada fazemos
p'ra que ele seja melhor.»

«Nunca julgues que quem canta
é feliz, porque é ilusão:
nem sempre diz a garganta
o que sente o coração.»

«Sem reparar que me feres,
dizes-me, de vez em quando,
coisinhas que tu não quers
que eu te diga nem brincando.»

Da janela de Kafka



Ainda Kafka e suas janelas. Os tradutores são os mesmos do post anterior.

«Momentos de distracção à janela
O que havemos de fazer com estes dias de Primavera que se aproximam a passos largos? Hoje de manhã o céu estava cinzento, mas se fores agora à janela vais ficar surpreso e encostar a bochecha ao caixilho.
O sol já se está a pôr mas, lá em baixo, na rua, vês que ilumina o rosto de uma menina que se passeia absorta no preciso momento em que é eclipsada pela sombra de um homem que a ultrapassa.
Mas depois o homem passa e a cara da menina fica iluminada.»

sábado, maio 29, 2004

Uma janela para Kafka



Faz algum tempo, fiquei sem janela. Devido a uma remodelação (e durante essa remodelação) tive que trocar de gabinete. Não foi fácil trabalhar num cubículo, enfrentando uma parede completamente branca. Terrível não saber se há sol ou se há chuva, se ainda é dia ou se já é noite. Felizmente, essa fase passou e recuperei minha janela sobre o Tejo...

Hoje, descobri este pequeno conto de Franz Kafka. A edição do livro, que reúne vários (todos?) contos dele, tem dois tradutores. Como não sei quem é o responsável pela tradução do conto que já de seguida irei transcrever, aqui deixo o nome dos dois: Nuno Batalha e Hugo Gomes.

«A janela para a rua

Quem quer que, levando de um modo geral uma vida solitária, deseje, de tempos a tempos, ter algo que o ligue a alguma coisa; quem quer que, por razão da altura do dia, do tempo que faz, do estado em que vão os negócios, e outras coisas do género, desejar ter um braço a que se agarrar - não pode passar sem ter uma janela para a rua. E ainda que não esteja com paciência para desejar coisa nenhuma e se vá sentar, cansado apenas, ao parapeito, com os olhos passeando entre a multidão e o céu, sem querer olhar para fora, de cabeça inclinada, os cavalos lá em baixo arrastá-lo-ão para o tumulto e corrupio das carroças, até que esteja, por fim, em harmonia com o humano.»

quarta-feira, maio 26, 2004

G Spot


Hoje, me descubram aqui.

quarta-feira, maio 12, 2004

Corto, Pratt (6)



Je ne suis pas assez sérieux pour donner des conseils et je le suis trop pour en recevoir.

Corto Maltese a Steiner in Sous le signe du Capricorne

quinta-feira, maio 06, 2004

Corto, Pratt (5)


Celui qui poursuit un rêve n'en désire pas, au fond, la réalisation: il veut seulement pouvoir continuer à rêver.

Narrador in Corto Maltese (o romance)

quarta-feira, maio 05, 2004

Corto, Pratt (4)


Entre le sarcasme et l'ironie il y a la même distance qu'entre un rot et un soupir.

Groovesnore a Hastings in Corto Maltese (o romance)

terça-feira, maio 04, 2004

Corto, Pratt (3)



- Tu dois maintenant entrer dans le labyrinthe sacré.
- Un labyrinthe sacré? Cela ne m'interesse pas... je cherche une femme.
- La femme est un labyrinthe elle aussi...

O guardião de Aztla a Corto Maltese in

segunda-feira, maio 03, 2004

Corto, Pratt (2)



A l'horizon de cet océan il y aurait toujours une autre île pour s'y abriter pendant une tempête ou pour s'y reposer et aimer. Cet horizon ouvert serait toujours là, une invitacion au départ.

Narrador in Corto Maltese (o romance)

sábado, maio 01, 2004

Corto, Pratt (1)



Les femmes seraient merveilleuses si tu pouvais tomber dans leurs bras sans tomber entre leurs mains.

Corto Maltese in Sous le signe du Capricorne