quarta-feira, maio 23, 2007

Em Lisboa, não perder o espetáculo dos jacarandás em flor...

quinta-feira, maio 17, 2007

Agora, nem por aqui tenho net.
É o isolamento.
Ainda não acabei de contar minhas estórias dos sebos de Bruxelas, mas hoje quero contar minha aventura no aniversário de minha filha…
Depois do jantar em família, no dia próprio, foi a vez de fazer a festa para a criançada.
Para inovar, resolvi levar todo o mundo ao cinema. Felizmente, não correu mal, mas senti as coisas quase descambando…
Sózinho, recebendo as meninas e os meninos, no espaço do bar do cinema com três caminhos de fuga, de repente me vi sem ninguém. Estava dividido: deveria ir ter com os pais que continuavam trazendo a prole ou deveria ir correr em busca dos que já estavam à minha responsabilidade e que eu havia perdido? Fui fazendo as duas coisas, pedindo com jeitinho para eles não se afastarem muito. Consegui concentrar todo o mundo mas, como quem tratava do lanchinho não era o responsável pela programação da sala, o filme que me haviam dito que iria começar por volta das três e meia só iria ter início cerca das quatro e vinte. A solução foi pôr todo o mundo fazendo fila para pipoca e refrigerante. Aí, perderam-se uns bons minutos. Depois, vinha sempre uma menina me perguntar quando começava o filme. E eu tentando fazer o tempo mais curto. Até que pudémos ir até à sala, deviam ser umas quatro horas. Aí, contei e recontei e recontei todos, para ver se não faltava nenhum. Eram vinte e um. Mas ficava sempre com a dúvida: e se de início me entregaram mais um que eu tivesse esquecido? Se ele ficou à minha guarda e eu o havia logo deixado escapar? E mais ninguém reparou que tivesse chegado, porque estavam todos passarinhando (perambulando… gosto da palavra… estavam todos perambulando) quando a criança chegou?
Eu não gosto de comer pipoca em cinema. Não gosto do barulho, não gosto do cheiro, não gosto do que fica espalhado no chão no final… e ali apanhei com tudo isso!
Eram vinte e um. As luzes se apagaram e ninguém se calou. Continuava todo o mundo falando. Desde que ninguém se levantasse, não me preocupei muito. A coisa começou mal: trailer de “23”, com o Jim Carrey. Muito apropriado. Começaram todas as crianças gritando!!!
No final, não começou o filme e as luzes se acenderam. Mais dois minutos (tanto tempo!) e as luzes se apagaram de novo. Agora sim, trailers infantis (ou quase: o “Spider Man 3” não se enquadraria da melhor forma, mas sempre era melhor que o “23”). E finalmente, começou. E eles sem se calarem. A sala, praticamente, estava por nossa conta. Começaram depois a se acalmar. E pouco tempo passou até que começaram a se levantar. E eu também me levantei e me fui sentar junto da porta. Para ver se ninguém saía. E começaram as menininhas a pedir para ir ao banheiro. Aí, passei a bola para a minha cunhada, que as foi acompanhando.
Aparentemente, as coisas estavam calmas. Começaram depois a vir ter comigo dizendo que já tinham comido as pipocas (Oh, Céus!...), sim, sim, depois vemos isso, ia eu dizendo. E de repente, chegou o intervalo. Intervalo? Não tinha sido avisado! Todo o mundo a querer sair. E foram saindo. Mais uma mão cheia de menininhas para o banheiro e outras para as pipocas e bebidas. Será que não ia perder nenhuma?
Depois de entrarem na sala, apagaram logo as luzes. E agora, como é que eu os ia contar? Já tinham trocado de lugar! Já via cadeiras vazias! Alguns estavam no chão, espreitando entre as cadeiras. Outros, depois de os contar, voltavam a se levantar! Desisti. Aguardei até que o filme acabasse e então fizéram todos uma fila antes de sair da sala. Vinte e uma crianças. Estavam todas!
Local do lanche. Começaram a distribuir a pizza. Algumas não gostavam. Não há problema, depois comes um pouco de bolo de chocolate. Ah! Mas eu não gosto de bolo de chocolate… Afinal, lá provou um pouco da pizza.
Podemos cantar os parabéns? Ah, vai ter que esperar um pouco porque não temos pratos que cheguem… Tive então que esperar que recolhessem os pratos da pizza para poder pensar em acender a vela para dar início à cantoria.
Entretanto, alguns pais iam chegando. Xii, o que é que eles iriam pensar? Será que iriam achar que eu poderia perder algum?
Bem, cantaram, comeram bolo, e começaram a sair.
Não ficou nenhum pai sem filho.
Não ficou nenhum filho sem pai.
As contas bateram certo.

Mas ainda agora tenho pesadelos: e se houve um pai que entregou o filho, que desapareceu depois, e que no final não foi buscar?...

P.S. Para este texto estar aqui, é sinal de que a net voltou, apesar de ter demorado dois dias a aparecer.