Regresso?
Por vezes, a vontade de escrever está presente, mas outros fatores importantes parecem se ausentar: tempo, disposição, momento... e depois? Depois, dia após dia, o blog permanece vazio. Comatoso. Está lá mas não está. No entanto, do lado de cá da tela, a vida vai correndo. São zangas, preocupações, ansiedades, desesperos, depressões, alegrias, alergias (não resisti a este trocadilho, só para tirar o ar sério que o texto parece querer levar. Pois é. Somos nós que levamos o texto ou o texto que nos vai levando? Frente ao teclado e à tela em branco, não sabia muito bem o que iria escrever. Agora, as palvaras se vão sucedendo, parecendo até que eu tenho alguma idéia onde irei terminar...)
Um destes dias tive vontade de parar e de me sentar à margem da vida, vendo-a passar. Como fazemos na margem de um ribeiro. Mas um ribeiro correndo não pára na margem. Se pára, fica estagnado. E a água estagnada não é uma boa água...
Depois, vi-o. Vinha andando devagar, subindo a Rua do Crucifixo. Seria mais natural encontrá-lo na Rua dos Douradores, mas não. Ali estava ele, com passinhos curtos, como se um passo um pouco mais largo lhe fizésse doer alguma coisa. Mais espalhafatoso, logo atrás, vinha o Engenheiro. Que se aproximou dele e o abraçou por trás, surpreendendo-o. O chapéu de feltro até lhe caiu para o chão, apesar do esforço que ele fez para o apanhar no ar. Soltou um imprecação, certamente, porque o Engenheiro ria, ria... Apanhou-lhe o chapéu, limpou-o e devolveu-lho. Entraram depois numa casa de pasto.
A água continuava correndo.