domingo, janeiro 30, 2005

Finalmente, cheguei à leitura da "Lenda de Martim Regos".
Depois de ter passsado pelo "Oracle Night" e pela "Sombra do Vento", recuo cinco séculos.
Hei-de fazer um post maior sobre os dois primeiros livros. Prometo. Só não sei quando. Mas, sequencialmente, o ritmo imposto pelos diferentes livros tem vindo a decrescer. Auster é rápido, Záfon é mais lento, e com Pedro Canais temos um tempo de quando ainda havia todo o tempo do mundo.
E neste tempo mais lento, se enquadra bem um cachimbo. Porque nele, tudo é lento. Temos que encher uma fornalha, pouco a pouco, com o tabaco que vamos retirando do pequeno saco. De seguida, há que o acender. E, seguidamente, há que o manter aceso. Temos uma profusão de gestos para garantir um bom fumo. O cigarro é o oposto. Em três gestos (tirar o cigarro do maço, colocá-lo entre os lábios e acendê-lo), já se está consumindo...
Durante uma cachimbada, podemos escrever durante mais tempo, sem termos a preocupação de proteger o teclado da cinza que pode cair. E podemos manter os gestos (segurar o cachimbo entre os dentes, segurá-lo entre as mãos) mesmo depois de reduzido o tabaco a cinza. O cachimbo permite o pensamento lento. O cigarro obriga ao pensamento rápido. É a contemplação por oposição à acção...

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