domingo, outubro 19, 2003

90 anos


Se fosse vivo, ou melhor, se estivesse entre nós, corrigindo ainda, se corpo e espírito ainda estivessem unidos, faria hoje 90 anos Marcus Vinitius da Cruz e Mello Moraes. Quem? Vinícius de Moraes...
Ele está vivo, enquanto for lido e ouvido. Está entre nós, enquanto permanecer em nós sua memória.
Dele, de sua poesia, disse outro poeta vivo, Carlos Drummond de Andrade: "Eu acredito que a poesia dele sobreviverá, independente de modas e teorias. Porque responde a apelos e necessidades de todo o ser humano. Vinicius passou a vida preocupado, à sua maneira, usando meios próprios de expressão, com o problema do destino e da finalidade do homem."
Combatendo a minha amnésia de datas, e celebrando este dia, aqui segue seu "Soneto de Aniversário", a partilhar por todos os amantes, isto é, aqueles que amam e são amados:

"Soneto de Aniversário

Passem-se dias, horas, meses, anos
Amadureçam as ilusões da vida
Prossiga ela sempre dividida
Entre compensações e desenganos.

Faça-se a carne mais envilecida
Diminuam os bens, cresçam os danos
Vença o ideal de andar caminhos planos
Melhor que levar tudo de vencida.

Queira-se antes ventura que aventura
À medida que a têmpora embranquece
E fica tenra a fibra que era dura.

E eu te direi: amiga minha, esquece...
Que grande é este amor meu de criatura
Que vê envelhecer e não envelhece."

E agora, enquanto escuto Toquinho e Chico Buarque cantando seu "Samba prá Vinícius", ergo meu copo com whisky e, tocando no copo do poeta, sorrio e digo: Obrigado...

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