segunda-feira, outubro 13, 2003

Velas


Desde que partilhei o texto de Rubem Alves aqui no blog, duas coisas sucederam. Não, três: tive o prazer de ter mais pessoas visitando meu blog, fiquei pensando na chama das velas e tentei comprar o livro de Bachelard.
Quanto ao livro de Bachelard, apenas o encontrei em francês. "La flamme d'une chandelle". Como o vocabulário utilizado me pareceu suficientemente acessível, comprei-o. Em português, talvez esteja editado pela Martins Fontes. Como eu não sou barra em francês, a leitura segue de forma lenta, estando ainda no primeiro capítulo. Mas logo o "avant-propos" (o prólogo) merece leitura atenta. Aventuro-me agora como tradutor:
"A chama, entre os objectos do mundo que apelam ao devaneio [ou ao sonho, não sei bem como traduzir], é um dos maiores operadores de imagens. A chama nos força a imaginar. Deante de uma chama, logo que se sonha, o que se percebe não é nada comparado com o que se imagina".
Espero não ter traído muito o que o autor realmente escreve...

E daqui decorre (da chama da vela) um dos mecanismos recentemente por mim criados na luta contra a ansiedade: pensar na chama duma vela. Apenas na chama. Uma chama pequena, mais ou menos amarelada, dando um pouco de luz e algum calor. Penso nessa chama, ou em representações dessa chama, com a luz e com a sombra, e passo a me sentir mais sereno. Acho que é mesmo isso. Serenidade.

Isso também resulta com fumo. Tanto de um pau de incenso como de um cigarro. Na ausência de vento, gosto de ver o fumo subir, bem direito. E algures na sua subida, começar a se enrolar. E depois voltar a ficar direito. E, dentro de uma sala, ver o fumo se espalhando a meia altura, como se fosse um líquido, um pequeno mar, que ondula ao menor movimento do meu corpo. E da chama da vela, cheguei à idéia de mar. Com pouco esforço, chego aos veleiros. Mas aí, a serenidade é apenas aparente...
Regressando à chama da vela, alcanço a serenidade pensando nessa pequena ilha de luz que destrói a escuridão. Não por completo, é certo, mas o suficiente para garantir que o negrume pode desaparecer...

Conforme for lendo o livrinho de Bachelard, tentarei ir dando conta das descobertas que irei fazendo.

Quanto ao acréscimo de visitas, têm uma responsável diretamente identificável: Deize, editora do Rosa Choque. Chegam lá entrando aqui na coluna da esquerda onde vêem "brinque com as cores...".
Obrigado por seu marketing. Espero não ter defraudado as expetativas por si criadas em seus leitores...

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