quinta-feira, outubro 18, 2007
quarta-feira, outubro 17, 2007
Stranger than fiction.
Acabei agora de ver este filme: "Stranger than fiction".
Não foi planeado, tal como hoje já não pensava ligar este portátil.
Mas vi o filme e senti a necessidade de partilhar o prazer de o ter visto.
A ideia é ótima: o personagem de um romance descobre que é um personagem ao escutar a voz off da narradora enquanto escova os dentes. Isso o assusta. A sua vida banal, monótona, rotineira (se pode imaginar algo mais rotineiro e monótono que vida de funcionário das Finanças, fazendo auditorias de quem não cumpre seus deveres fiscais) começa a se alterar. Claro. Só essa mudança faz sentido para que surja o livro...
Consulta primeiro uma psiquiatra que lhe diagnostica esquizofrenia (óbvio, quem ouve vozes dentro da cabeça é esquizofrénico, não é não?), mas isso não o deixa satisfeito, pois a voz que ouve, de mulher, é de uma narradora.
Acabei de ver o filme o filme mas não me recordo em que momento é que a narradora diz que ele vai morrer e não sabe. A partir daqui, é o momento da morte que o preocupa. Quando irá morrer?
Creio que é aqui que ele decide consultar um Professor de Literatura que o tenta enquadrar, enquanto personagem, numa estória. Eliminando hipóteses, mas sem chegar a conclusão alguma, há que tentar classificar se se trata de uma tragédia ou de uma comédia.
Parece que eu estou contando todo o filme. Talvez sim.
Bem. Ele vivia sózinho. Entretanto, tem de fazer uma auditoria a uma pasteleira que se recusou a pagar 22% do imposto anual. O primeiro confronto estabelece a relação de ódio dela por ele.
Num segundo momento, voltando para consultar a documentação dos últimos três anos, parece começar a atração, quando no final do dia ela lhe cozinha biscoitos.
Ele se alegre porque parece uma comédia.
Afinal, talvez tenha sido depois deste momento que ele ouve a narradora falar da sua morte.
Continuando.
Sabendo da morte próxima, e estando a viver na casa de um colega porque, por engano, haviam tentado demolir a sua casa, pergunta-lhe o que faria se em breve fosse morrer. Colocando a questão de forma hipotética, lhe dá o poder de ser invisível.
- Se fosse invisível e soubesse que ia morrer, iria para um acampamento espacial.
- Acampamento espacial?
- Sim, sonho com isso desde os nove anos?
- Mas não passou já a idade?
- Nunca é tarde para um acampamento espacial...
Recorda então o seu sonho de tocar guitarra. E compra um Fender Stratocaster. Não uma nova, mas aquela que o "chamou"...
E uma noite vai ter com a moça dos biscoitos e lhe leva um tabuleiro com vários pacotes de farinha, cada uma diferente da outra.
- Porquê?
- Bem, porque a desejo.
- O quê?
- Desejo-a.
Seguem então até casa dela. A coisa poderia rolar ou não, mas ela está curiosa.
No final do jantar, ele descobre que ela tem um violão.
- Toca?
- Oh, muito mal, foi o pagamento em troca de um bolo de noiva. E você?
- Só uma música, que ainda estou aprendendo.
- Toca pra mim.
- Não, ainda não sei bem.
E enquanto ela lava a loiça, começa a ouvir a voz dele na sala, cantando.
E a coisa rolou.
Indo ter com o Professor, acreditando ser uma comédia, este se prepara para lhe dar uma lista de autores vivos que poderiam estar escrevendo a sua vida.
Ele então vê na televisão a autora. O Professor diz que não pode ser, porque ela não escreve há mais de dez anos e nos seus livros, tragédias, o herói morre sempre. Olhando para o livro que o Professor lhe mostra, vê a editora e corre tentando obter o contato dela. Não conseguindo, volta ao seu escritório onde consegue encontrar, num processo antigo de auditoria, o telefone dela.
Não havendo linha, nem tendo rede para o celular, corre para um orelhão.
E enquanto a autora escreve que o telefone toca, ele toca na casa dela. Ela se surpreende. E escreve de novo que o telefone toca. E no ponto final, o telefone toca. Ela parece assustada. E escreve uma terceira vez que o telefone toca. E suspende o gesto de teclar o ponto final. E quando carrega na tecla, o telefone toca de novo. E ela se levanta, corre para a sala, e atende. E ouve o seu personagem. E se assusta.
Ele vai depois ter a casa dela.
Ele vai lhe dizer que não quer morrer.
Não sei se devo continuar a revelar o resto do filme...
Certamente, há um motivo para eu ter sentido este impulso de escrever agora.
Os atores me supreenderam. Will Ferrell, o herói, e que eu sempre associei a filmes idiotas, está excelente. Praticamente, nunca sorri. Transmite quase sempre uma sensação de melancolia e tristeza (que não são sinônimos...). A moça dos biscoitos é Maggie Gyllenhaal. O Professor é Dustin Hoffman e a escritora é Emma Thompson.
Achei mágico o momento em que autora e personagem se encontram. O momento em que a autora sente o poder da vida ou da morte, o poder da palavra. O poder que cria e que destrói. E onde sente que já não apenas a sua vontade que pode decidir o final.
E gostei da relação entre o herói e a moça dos biscoitos.
Aquela música que ele toca e que faz com que a coisa role é de Wreckless Eric, "Whole Wide World".
Depois deste momento de partilha, já posso ir dormir...
Acabei agora de ver este filme: "Stranger than fiction".
Não foi planeado, tal como hoje já não pensava ligar este portátil.
Mas vi o filme e senti a necessidade de partilhar o prazer de o ter visto.
A ideia é ótima: o personagem de um romance descobre que é um personagem ao escutar a voz off da narradora enquanto escova os dentes. Isso o assusta. A sua vida banal, monótona, rotineira (se pode imaginar algo mais rotineiro e monótono que vida de funcionário das Finanças, fazendo auditorias de quem não cumpre seus deveres fiscais) começa a se alterar. Claro. Só essa mudança faz sentido para que surja o livro...
Consulta primeiro uma psiquiatra que lhe diagnostica esquizofrenia (óbvio, quem ouve vozes dentro da cabeça é esquizofrénico, não é não?), mas isso não o deixa satisfeito, pois a voz que ouve, de mulher, é de uma narradora.
Acabei de ver o filme o filme mas não me recordo em que momento é que a narradora diz que ele vai morrer e não sabe. A partir daqui, é o momento da morte que o preocupa. Quando irá morrer?
Creio que é aqui que ele decide consultar um Professor de Literatura que o tenta enquadrar, enquanto personagem, numa estória. Eliminando hipóteses, mas sem chegar a conclusão alguma, há que tentar classificar se se trata de uma tragédia ou de uma comédia.
Parece que eu estou contando todo o filme. Talvez sim.
Bem. Ele vivia sózinho. Entretanto, tem de fazer uma auditoria a uma pasteleira que se recusou a pagar 22% do imposto anual. O primeiro confronto estabelece a relação de ódio dela por ele.
Num segundo momento, voltando para consultar a documentação dos últimos três anos, parece começar a atração, quando no final do dia ela lhe cozinha biscoitos.
Ele se alegre porque parece uma comédia.
Afinal, talvez tenha sido depois deste momento que ele ouve a narradora falar da sua morte.
Continuando.
Sabendo da morte próxima, e estando a viver na casa de um colega porque, por engano, haviam tentado demolir a sua casa, pergunta-lhe o que faria se em breve fosse morrer. Colocando a questão de forma hipotética, lhe dá o poder de ser invisível.
- Se fosse invisível e soubesse que ia morrer, iria para um acampamento espacial.
- Acampamento espacial?
- Sim, sonho com isso desde os nove anos?
- Mas não passou já a idade?
- Nunca é tarde para um acampamento espacial...
Recorda então o seu sonho de tocar guitarra. E compra um Fender Stratocaster. Não uma nova, mas aquela que o "chamou"...
E uma noite vai ter com a moça dos biscoitos e lhe leva um tabuleiro com vários pacotes de farinha, cada uma diferente da outra.
- Porquê?
- Bem, porque a desejo.
- O quê?
- Desejo-a.
Seguem então até casa dela. A coisa poderia rolar ou não, mas ela está curiosa.
No final do jantar, ele descobre que ela tem um violão.
- Toca?
- Oh, muito mal, foi o pagamento em troca de um bolo de noiva. E você?
- Só uma música, que ainda estou aprendendo.
- Toca pra mim.
- Não, ainda não sei bem.
E enquanto ela lava a loiça, começa a ouvir a voz dele na sala, cantando.
E a coisa rolou.
Indo ter com o Professor, acreditando ser uma comédia, este se prepara para lhe dar uma lista de autores vivos que poderiam estar escrevendo a sua vida.
Ele então vê na televisão a autora. O Professor diz que não pode ser, porque ela não escreve há mais de dez anos e nos seus livros, tragédias, o herói morre sempre. Olhando para o livro que o Professor lhe mostra, vê a editora e corre tentando obter o contato dela. Não conseguindo, volta ao seu escritório onde consegue encontrar, num processo antigo de auditoria, o telefone dela.
Não havendo linha, nem tendo rede para o celular, corre para um orelhão.
E enquanto a autora escreve que o telefone toca, ele toca na casa dela. Ela se surpreende. E escreve de novo que o telefone toca. E no ponto final, o telefone toca. Ela parece assustada. E escreve uma terceira vez que o telefone toca. E suspende o gesto de teclar o ponto final. E quando carrega na tecla, o telefone toca de novo. E ela se levanta, corre para a sala, e atende. E ouve o seu personagem. E se assusta.
Ele vai depois ter a casa dela.
Ele vai lhe dizer que não quer morrer.
Não sei se devo continuar a revelar o resto do filme...
Certamente, há um motivo para eu ter sentido este impulso de escrever agora.
Os atores me supreenderam. Will Ferrell, o herói, e que eu sempre associei a filmes idiotas, está excelente. Praticamente, nunca sorri. Transmite quase sempre uma sensação de melancolia e tristeza (que não são sinônimos...). A moça dos biscoitos é Maggie Gyllenhaal. O Professor é Dustin Hoffman e a escritora é Emma Thompson.
Achei mágico o momento em que autora e personagem se encontram. O momento em que a autora sente o poder da vida ou da morte, o poder da palavra. O poder que cria e que destrói. E onde sente que já não apenas a sua vontade que pode decidir o final.
E gostei da relação entre o herói e a moça dos biscoitos.
Aquela música que ele toca e que faz com que a coisa role é de Wreckless Eric, "Whole Wide World".
Depois deste momento de partilha, já posso ir dormir...
quarta-feira, outubro 10, 2007
Deixei de frescura e confesso: estou ouvindo Roberto Carlos...
Afinal, cresci ouvindo suas músicas tocando no radinho de pilhas.
Mas é um Roberto Carlos muito ié-ié, com um magnífico som de órgão e guitarras quase dementes...
O som dos anos 60.
Ouvindo essas músicas, parece que era tudo mais fácil então. Era tudo tão linear... Mas será mesmo? Ou vamos ficando mais cínicos com a idade, que não deixa de se acumular em nossos ossos e tecido adiposo?
Afinal, cresci ouvindo suas músicas tocando no radinho de pilhas.
Mas é um Roberto Carlos muito ié-ié, com um magnífico som de órgão e guitarras quase dementes...
O som dos anos 60.
Ouvindo essas músicas, parece que era tudo mais fácil então. Era tudo tão linear... Mas será mesmo? Ou vamos ficando mais cínicos com a idade, que não deixa de se acumular em nossos ossos e tecido adiposo?
terça-feira, outubro 02, 2007
sexta-feira, setembro 28, 2007
Estou agora escutando o último trabalho do Jorge Palma, de seu nome "Voo Nocturno".
Jorge Palma é um verdadeiro “cantador” de estórias.
E é espantoso como as coisas banais de todos os dias se podem transformar em algo tão gostoso de escutar. A vida se torna em algo que merece ser vivida, com prazer.
São estórias de encontros e desencontros. São imagens em palavras. Polaroids do cotidiano.
E se sente a vontade de Amar, assim, com A grande.
Jorge Palma é um verdadeiro “cantador” de estórias.
E é espantoso como as coisas banais de todos os dias se podem transformar em algo tão gostoso de escutar. A vida se torna em algo que merece ser vivida, com prazer.
São estórias de encontros e desencontros. São imagens em palavras. Polaroids do cotidiano.
E se sente a vontade de Amar, assim, com A grande.
A Ericeira já acabou, o Verão já passou (mas ainda sobrou um pouco de calor), a rotina vai regressando.
Hoje (re)descobri este poema de Fernando Pessoa:
"MARINHA
Ditosos a quem acena
Um lenço de despedida!
São felizes: têm pena...
Eu sofro sem pena a vida.
Doo-me até onde penso,
E a dor é já de pensar,
Órfão de um sonho suspenso
Pela maré a vazar...
E sobe até mim, já farto
De improfícuas agonias,
No cais de onde nunca parto,
A maresia dos dias."
Este poema dói...
Hoje (re)descobri este poema de Fernando Pessoa:
"MARINHA
Ditosos a quem acena
Um lenço de despedida!
São felizes: têm pena...
Eu sofro sem pena a vida.
Doo-me até onde penso,
E a dor é já de pensar,
Órfão de um sonho suspenso
Pela maré a vazar...
E sobe até mim, já farto
De improfícuas agonias,
No cais de onde nunca parto,
A maresia dos dias."
Este poema dói...
quarta-feira, agosto 22, 2007
Ericeira.
O Verão tem andado esquecido de vir até cá.
As noites frias já fazem pensar no Natal (eheheheh). Exagero, claro, mas não convidam a ficar na rua durante muito tempo...
O vento, durante o dia, também não convida a ficar na praia até tarde. Só para quem tenha fato...
Mais alguns dias aqui e, depois, regresso... com pouca vontade.
O Verão tem andado esquecido de vir até cá.
As noites frias já fazem pensar no Natal (eheheheh). Exagero, claro, mas não convidam a ficar na rua durante muito tempo...
O vento, durante o dia, também não convida a ficar na praia até tarde. Só para quem tenha fato...
Mais alguns dias aqui e, depois, regresso... com pouca vontade.
segunda-feira, junho 18, 2007
Entrando em "contramão", me deparei com duas pérolas da autoria de Marco Antônio Araújo. São dois os trabalhos que pude escutar: “Entre um silêncio e outro”, de 1983 e “Quando a sorte te solta um cisne na noite”, de 1982. Bem, deste último ainda não ouvi todas as faixas porque o ficheiro original estava corrompido (vê só até onde chega a corrupção…), mas pela amostra dá para avaliar a (boa) qualidade do resto.
Nascido em Belo Horizonte a 28 de Agosto (virginiano) de 1949, um aneurisma cerebral o afastou do convívio com os vivos em 7 de Janeiro de 1986, na véspera de receber o prêmio de “Melhor Instrumentista do Ano de 1985” oferecido pela revista “VEJA”.
Seu trabalho não tem classificação. Será música clássica? Será rock progressivo? É bom. E isso me basta…
Para mais informações, o melhor mesmo é googlar o nome e se informar com quem sabe mais.
Nascido em Belo Horizonte a 28 de Agosto (virginiano) de 1949, um aneurisma cerebral o afastou do convívio com os vivos em 7 de Janeiro de 1986, na véspera de receber o prêmio de “Melhor Instrumentista do Ano de 1985” oferecido pela revista “VEJA”.
Seu trabalho não tem classificação. Será música clássica? Será rock progressivo? É bom. E isso me basta…
Para mais informações, o melhor mesmo é googlar o nome e se informar com quem sabe mais.
Desta vez, em busca de músicas, mais propriamente em busca de informações sobre o trabalho que já é considerado um clássico "10.000 anos depois entre Vénus e Marte", de José Cid (autor com muitos altos e baixos, na minha humilde opinião)descobri que muitos blogueiros disponibilizam as músicas para baixar.
Assim, dei de caras com a "Contramão", da Márcia Brasil. Vou assim descobrindo pérolas do chamado "rock progressivo", feito essencialmente nos anos 70, aproveitando os fumos dos 60, por terras de Vera Cruz...
Depois, darei notícia das minhas descobertas...
Assim, dei de caras com a "Contramão", da Márcia Brasil. Vou assim descobrindo pérolas do chamado "rock progressivo", feito essencialmente nos anos 70, aproveitando os fumos dos 60, por terras de Vera Cruz...
Depois, darei notícia das minhas descobertas...
quinta-feira, maio 17, 2007
Agora, nem por aqui tenho net.
É o isolamento.
Ainda não acabei de contar minhas estórias dos sebos de Bruxelas, mas hoje quero contar minha aventura no aniversário de minha filha…
Depois do jantar em família, no dia próprio, foi a vez de fazer a festa para a criançada.
Para inovar, resolvi levar todo o mundo ao cinema. Felizmente, não correu mal, mas senti as coisas quase descambando…
Sózinho, recebendo as meninas e os meninos, no espaço do bar do cinema com três caminhos de fuga, de repente me vi sem ninguém. Estava dividido: deveria ir ter com os pais que continuavam trazendo a prole ou deveria ir correr em busca dos que já estavam à minha responsabilidade e que eu havia perdido? Fui fazendo as duas coisas, pedindo com jeitinho para eles não se afastarem muito. Consegui concentrar todo o mundo mas, como quem tratava do lanchinho não era o responsável pela programação da sala, o filme que me haviam dito que iria começar por volta das três e meia só iria ter início cerca das quatro e vinte. A solução foi pôr todo o mundo fazendo fila para pipoca e refrigerante. Aí, perderam-se uns bons minutos. Depois, vinha sempre uma menina me perguntar quando começava o filme. E eu tentando fazer o tempo mais curto. Até que pudémos ir até à sala, deviam ser umas quatro horas. Aí, contei e recontei e recontei todos, para ver se não faltava nenhum. Eram vinte e um. Mas ficava sempre com a dúvida: e se de início me entregaram mais um que eu tivesse esquecido? Se ele ficou à minha guarda e eu o havia logo deixado escapar? E mais ninguém reparou que tivesse chegado, porque estavam todos passarinhando (perambulando… gosto da palavra… estavam todos perambulando) quando a criança chegou?
Eu não gosto de comer pipoca em cinema. Não gosto do barulho, não gosto do cheiro, não gosto do que fica espalhado no chão no final… e ali apanhei com tudo isso!
Eram vinte e um. As luzes se apagaram e ninguém se calou. Continuava todo o mundo falando. Desde que ninguém se levantasse, não me preocupei muito. A coisa começou mal: trailer de “23”, com o Jim Carrey. Muito apropriado. Começaram todas as crianças gritando!!!
No final, não começou o filme e as luzes se acenderam. Mais dois minutos (tanto tempo!) e as luzes se apagaram de novo. Agora sim, trailers infantis (ou quase: o “Spider Man 3” não se enquadraria da melhor forma, mas sempre era melhor que o “23”). E finalmente, começou. E eles sem se calarem. A sala, praticamente, estava por nossa conta. Começaram depois a se acalmar. E pouco tempo passou até que começaram a se levantar. E eu também me levantei e me fui sentar junto da porta. Para ver se ninguém saía. E começaram as menininhas a pedir para ir ao banheiro. Aí, passei a bola para a minha cunhada, que as foi acompanhando.
Aparentemente, as coisas estavam calmas. Começaram depois a vir ter comigo dizendo que já tinham comido as pipocas (Oh, Céus!...), sim, sim, depois vemos isso, ia eu dizendo. E de repente, chegou o intervalo. Intervalo? Não tinha sido avisado! Todo o mundo a querer sair. E foram saindo. Mais uma mão cheia de menininhas para o banheiro e outras para as pipocas e bebidas. Será que não ia perder nenhuma?
Depois de entrarem na sala, apagaram logo as luzes. E agora, como é que eu os ia contar? Já tinham trocado de lugar! Já via cadeiras vazias! Alguns estavam no chão, espreitando entre as cadeiras. Outros, depois de os contar, voltavam a se levantar! Desisti. Aguardei até que o filme acabasse e então fizéram todos uma fila antes de sair da sala. Vinte e uma crianças. Estavam todas!
Local do lanche. Começaram a distribuir a pizza. Algumas não gostavam. Não há problema, depois comes um pouco de bolo de chocolate. Ah! Mas eu não gosto de bolo de chocolate… Afinal, lá provou um pouco da pizza.
Podemos cantar os parabéns? Ah, vai ter que esperar um pouco porque não temos pratos que cheguem… Tive então que esperar que recolhessem os pratos da pizza para poder pensar em acender a vela para dar início à cantoria.
Entretanto, alguns pais iam chegando. Xii, o que é que eles iriam pensar? Será que iriam achar que eu poderia perder algum?
Bem, cantaram, comeram bolo, e começaram a sair.
Não ficou nenhum pai sem filho.
Não ficou nenhum filho sem pai.
As contas bateram certo.
Mas ainda agora tenho pesadelos: e se houve um pai que entregou o filho, que desapareceu depois, e que no final não foi buscar?...
P.S. Para este texto estar aqui, é sinal de que a net voltou, apesar de ter demorado dois dias a aparecer.
É o isolamento.
Ainda não acabei de contar minhas estórias dos sebos de Bruxelas, mas hoje quero contar minha aventura no aniversário de minha filha…
Depois do jantar em família, no dia próprio, foi a vez de fazer a festa para a criançada.
Para inovar, resolvi levar todo o mundo ao cinema. Felizmente, não correu mal, mas senti as coisas quase descambando…
Sózinho, recebendo as meninas e os meninos, no espaço do bar do cinema com três caminhos de fuga, de repente me vi sem ninguém. Estava dividido: deveria ir ter com os pais que continuavam trazendo a prole ou deveria ir correr em busca dos que já estavam à minha responsabilidade e que eu havia perdido? Fui fazendo as duas coisas, pedindo com jeitinho para eles não se afastarem muito. Consegui concentrar todo o mundo mas, como quem tratava do lanchinho não era o responsável pela programação da sala, o filme que me haviam dito que iria começar por volta das três e meia só iria ter início cerca das quatro e vinte. A solução foi pôr todo o mundo fazendo fila para pipoca e refrigerante. Aí, perderam-se uns bons minutos. Depois, vinha sempre uma menina me perguntar quando começava o filme. E eu tentando fazer o tempo mais curto. Até que pudémos ir até à sala, deviam ser umas quatro horas. Aí, contei e recontei e recontei todos, para ver se não faltava nenhum. Eram vinte e um. Mas ficava sempre com a dúvida: e se de início me entregaram mais um que eu tivesse esquecido? Se ele ficou à minha guarda e eu o havia logo deixado escapar? E mais ninguém reparou que tivesse chegado, porque estavam todos passarinhando (perambulando… gosto da palavra… estavam todos perambulando) quando a criança chegou?
Eu não gosto de comer pipoca em cinema. Não gosto do barulho, não gosto do cheiro, não gosto do que fica espalhado no chão no final… e ali apanhei com tudo isso!
Eram vinte e um. As luzes se apagaram e ninguém se calou. Continuava todo o mundo falando. Desde que ninguém se levantasse, não me preocupei muito. A coisa começou mal: trailer de “23”, com o Jim Carrey. Muito apropriado. Começaram todas as crianças gritando!!!
No final, não começou o filme e as luzes se acenderam. Mais dois minutos (tanto tempo!) e as luzes se apagaram de novo. Agora sim, trailers infantis (ou quase: o “Spider Man 3” não se enquadraria da melhor forma, mas sempre era melhor que o “23”). E finalmente, começou. E eles sem se calarem. A sala, praticamente, estava por nossa conta. Começaram depois a se acalmar. E pouco tempo passou até que começaram a se levantar. E eu também me levantei e me fui sentar junto da porta. Para ver se ninguém saía. E começaram as menininhas a pedir para ir ao banheiro. Aí, passei a bola para a minha cunhada, que as foi acompanhando.
Aparentemente, as coisas estavam calmas. Começaram depois a vir ter comigo dizendo que já tinham comido as pipocas (Oh, Céus!...), sim, sim, depois vemos isso, ia eu dizendo. E de repente, chegou o intervalo. Intervalo? Não tinha sido avisado! Todo o mundo a querer sair. E foram saindo. Mais uma mão cheia de menininhas para o banheiro e outras para as pipocas e bebidas. Será que não ia perder nenhuma?
Depois de entrarem na sala, apagaram logo as luzes. E agora, como é que eu os ia contar? Já tinham trocado de lugar! Já via cadeiras vazias! Alguns estavam no chão, espreitando entre as cadeiras. Outros, depois de os contar, voltavam a se levantar! Desisti. Aguardei até que o filme acabasse e então fizéram todos uma fila antes de sair da sala. Vinte e uma crianças. Estavam todas!
Local do lanche. Começaram a distribuir a pizza. Algumas não gostavam. Não há problema, depois comes um pouco de bolo de chocolate. Ah! Mas eu não gosto de bolo de chocolate… Afinal, lá provou um pouco da pizza.
Podemos cantar os parabéns? Ah, vai ter que esperar um pouco porque não temos pratos que cheguem… Tive então que esperar que recolhessem os pratos da pizza para poder pensar em acender a vela para dar início à cantoria.
Entretanto, alguns pais iam chegando. Xii, o que é que eles iriam pensar? Será que iriam achar que eu poderia perder algum?
Bem, cantaram, comeram bolo, e começaram a sair.
Não ficou nenhum pai sem filho.
Não ficou nenhum filho sem pai.
As contas bateram certo.
Mas ainda agora tenho pesadelos: e se houve um pai que entregou o filho, que desapareceu depois, e que no final não foi buscar?...
P.S. Para este texto estar aqui, é sinal de que a net voltou, apesar de ter demorado dois dias a aparecer.
segunda-feira, abril 09, 2007
Bruxelas.
Antes deste período pascal, passei alguns dias em Bruxelas. Em trabalho. O que só me permitiu algumas horas de usufruto da cidade.
Ficando instalado perto da Grand Place (ou Grote Markt), meu perímetro de reconhecimento não foi muito para além disso. Basicamente, fiz o reconhecimento do Boulevard Anspach (ou Anspachlaan, em neerlandês) em horas de comércio.
E fiquei fascinado com os sebos da Anspach... Especialmente com um que se chama Le Pêle-Mêle. Vamos andando de sala em sala, descobrindo livros, livros, livros, revistas, vinis, CDs e DVDs. Não fosse o pouco tempo, perderia ali um dia...
Antes deste período pascal, passei alguns dias em Bruxelas. Em trabalho. O que só me permitiu algumas horas de usufruto da cidade.
Ficando instalado perto da Grand Place (ou Grote Markt), meu perímetro de reconhecimento não foi muito para além disso. Basicamente, fiz o reconhecimento do Boulevard Anspach (ou Anspachlaan, em neerlandês) em horas de comércio.
E fiquei fascinado com os sebos da Anspach... Especialmente com um que se chama Le Pêle-Mêle. Vamos andando de sala em sala, descobrindo livros, livros, livros, revistas, vinis, CDs e DVDs. Não fosse o pouco tempo, perderia ali um dia...
quarta-feira, março 28, 2007
Silêncio.
Motivo: estive em viagem.
Mas no regresso, o silêncio continua por um motivo bem simples: um problema na tela de meu portátil não me permite ver o que escrevo e no serviço o tempo não abunda para me dedicar a esta atividade.
Mas tentarei quebrar o silêncio quando as coisas estiverem um pouco mais calmas...
Motivo: estive em viagem.
Mas no regresso, o silêncio continua por um motivo bem simples: um problema na tela de meu portátil não me permite ver o que escrevo e no serviço o tempo não abunda para me dedicar a esta atividade.
Mas tentarei quebrar o silêncio quando as coisas estiverem um pouco mais calmas...
quarta-feira, março 07, 2007
Cosméticas.
Depois de enfrentar algumas dificuldades na visualização completa da minha página, resolvi dar uma mexida no blog (estava igual desde o seu início...).
Como em qualquer alteração informática, perdi comentários e perdi minhas ligações favoritas. Já recuperei algumas, e até coloquei aqui o meu xará.
Colocarei mais algumas ligações, mas apenas de leituras que vão mexendo comigo...
Depois de enfrentar algumas dificuldades na visualização completa da minha página, resolvi dar uma mexida no blog (estava igual desde o seu início...).
Como em qualquer alteração informática, perdi comentários e perdi minhas ligações favoritas. Já recuperei algumas, e até coloquei aqui o meu xará.
Colocarei mais algumas ligações, mas apenas de leituras que vão mexendo comigo...
segunda-feira, fevereiro 26, 2007
E já se passou mais uma noite de Oscares.
Parece que com algumas surpresas. De todos os filmes, apenas vi os de animação. Não sei dar opinião quanto aos restantes.
Scorcese, finalmente, ganhou como Realizador. O seu filme também teve direito a ser o melhor do ano.
Uma Rainha é uma Rainha, até numa República.
Idi Amin também teve direito à sua noite de glória. As ditaduras também se dão bem com estas coisas.
Al Gore, já que não teve direito a ver a sua vitória reconhecida em momento oportuno, teve a sua noite de glória no Kodak Theatre.
Os castelhanos também não estiveram mal. Mais uma vez, outra ditadura, permitiu três estatuetas.
De Babel, só a música...
E ainda na música, Morricone teve direito ao especial de carreira, com discurso traduzido por Clint Eastwood.
Parece que com algumas surpresas. De todos os filmes, apenas vi os de animação. Não sei dar opinião quanto aos restantes.
Scorcese, finalmente, ganhou como Realizador. O seu filme também teve direito a ser o melhor do ano.
Uma Rainha é uma Rainha, até numa República.
Idi Amin também teve direito à sua noite de glória. As ditaduras também se dão bem com estas coisas.
Al Gore, já que não teve direito a ver a sua vitória reconhecida em momento oportuno, teve a sua noite de glória no Kodak Theatre.
Os castelhanos também não estiveram mal. Mais uma vez, outra ditadura, permitiu três estatuetas.
De Babel, só a música...
E ainda na música, Morricone teve direito ao especial de carreira, com discurso traduzido por Clint Eastwood.
quarta-feira, fevereiro 21, 2007
O Carnaval já passou, na Sapucaí varreram os confettis, mas confirme em verde e rosa a minha escolha...
sexta-feira, fevereiro 16, 2007
Canção para a amiga dormindo
Dorme, amiga, dorme
Teu sono de rosa
Uma paz imensa
Desceu nesta hora.
Cerra bem as pétalas
Do teu corpo imóvel
E pede ao silêncio
Que não vá embora.
Dorme, amiga, o sono
Teu de menininha
Minha vida é a tua
Tua morte é a minha.
Dorme e me procura
Na ausente paisagem...
Nela a minha imagem
Restará mais pura.
Dorme, minha amada
Teu sono de estrela
Nossa morte, nada
Poderá detê-la.
Ontem, finalmente, vi o filme (ou documentário) de Miguel Faria Jr. "Vinicius". Foi a primeira vez e não será a última.
Vinicius está vivo. Na música. Nas palavras de seus textos e poemas. Nas palavras daqueles que com ele conviveram.
Ali temos o riso e o pranto. E mesmo que as lágrimas não escorram dos olhos, por vezes fica um nó apertado na garganta.
Mas uma vida não se pode reduzir ao tempo do cinema. Se entendi bem (e basta ir lendo seus poemas para o descobrir), Vinicius teve várias vidas.
Quase no final, Maria Bethânia diz que Vinicius desceu neste mundo para espalhar amor. E sua missão não acabou...
Oh! Quantas palavras vamos pegar às suas. Quantos sentimentos, sensações, que não sabemos verbalizar, vamos traduzir com seus poemas, suas canções?
A benção, Poeta...
Dorme, amiga, dorme
Teu sono de rosa
Uma paz imensa
Desceu nesta hora.
Cerra bem as pétalas
Do teu corpo imóvel
E pede ao silêncio
Que não vá embora.
Dorme, amiga, o sono
Teu de menininha
Minha vida é a tua
Tua morte é a minha.
Dorme e me procura
Na ausente paisagem...
Nela a minha imagem
Restará mais pura.
Dorme, minha amada
Teu sono de estrela
Nossa morte, nada
Poderá detê-la.
Ontem, finalmente, vi o filme (ou documentário) de Miguel Faria Jr. "Vinicius". Foi a primeira vez e não será a última.
Vinicius está vivo. Na música. Nas palavras de seus textos e poemas. Nas palavras daqueles que com ele conviveram.
Ali temos o riso e o pranto. E mesmo que as lágrimas não escorram dos olhos, por vezes fica um nó apertado na garganta.
Mas uma vida não se pode reduzir ao tempo do cinema. Se entendi bem (e basta ir lendo seus poemas para o descobrir), Vinicius teve várias vidas.
Quase no final, Maria Bethânia diz que Vinicius desceu neste mundo para espalhar amor. E sua missão não acabou...
Oh! Quantas palavras vamos pegar às suas. Quantos sentimentos, sensações, que não sabemos verbalizar, vamos traduzir com seus poemas, suas canções?
A benção, Poeta...
quinta-feira, fevereiro 15, 2007
quarta-feira, fevereiro 14, 2007
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