segunda-feira, outubro 04, 2004

Conceito, pré-conceito e preconceito


Ou de como se transforma a utilidade num empecilho...
Conceito - fundamental existir. Um conceito nos permite saber, com precisão, do que estamos falando. Diariamente, tropeçamos em palavras que exprimem idéias, mais ou menos subjetivas. E quando julgamos que estamos todos falando sobre a mesma coisa, eis que nos apercebemos que sob a mesma palavra estamos falando de coisas diferentes, por vezes, opostas! Aí, paramos, e definimos: a partir de agora, quando falarmos disto, estaremos pensando nisso. Pronto, foi estabelecido o conceito: a partir daí, estaremos todos pensando no mesmo.
Pré-conceito - todos temos os nossos. Para entendermos o mundo, para construirmos o nosso mundo, vamos tendo estes "tijolos". Podemos estar certos ou errados, mas são os nossos tijolos. Mas estes tijolos vão ter que se encaixar nos tijolos dos outros. Daí a necessidade de existir alguma plasticidade nestas nossas construções. Quando essa plasticidade falha, quando deixamos de querer encaixar com os outros mas passamos a exigir que os outros encaixem connosco, passamos a ter preconceito.
Preconceito – é a cristalização de nossos pré-conceitos. Quando digo nossos, não digo que fomos nós que os criámos, apenas que nos apropriámos deles. Preconceito não constrói, destrói. Em vez de ir “ao encontro de”, vai “contra”. Preconceito estabelece fronteiras e não permite variações. Cria os filtros pelos quais vemos, ouvimos, sentimos. Libertam-nos de qualquer ação, nos tornam passivos. Assim, acabar com o preconceito terá sempre de partir de nós.

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