terça-feira, agosto 05, 2003

Muntanya Màgica


Certos locais, um pouco por todo o mundo, parcem ter características mágicas. Energias ou vibrações são libertadas ou guardadas em certos locais. Esses locais são procurados e mais ou menos venerados pelo Homem desde tempos imemoriais. Normalmente, determinadas formações geológicas, como sejam aquelas que se destacam no terreno, reunem essas características. Surgem então as "Montanhas Mágicas" (e não me refiro ao romance de Thomas Mann que, confesso, nunca li). No Rio, temos o Corcovado. Perto de Lisboa, a Serra de Sintra é outro exemplo. A cerca de 30 Km de Barcelona, temos Montserrat.

A zona onde Barcelona está localizada não é propriamente plana. A cidade parece estar, até, rodeada de montanhas. Mas há uma que se destaca das demais: Montserrat. A partir do vale do rio Llobregat ergue-se uma massa sedimentária consolidada, até uma altitude superior a mil e duzentos metros. São "dedos" que se erguem para o céu e onde está instalada uma abadia, onde se presta culto a Nossa Senhora de Motserrat, padroeira da Catalunha. Para católicos e não católicos, Montserrat é também um símbolo de resistência ao centralismo de Madrid. Como muitos outros locais (se não me engano, Portugal incluído) a montanha está protegida pela influência do Arcanjo S.Miguel.

Como se chega aqui? De automóvel é uma maneira. Mas ainda tem que se andar um pedaço desde o estacionamento até à Abadia. De trem, a partir da estação de Sans. Depois, saindo não lembro em que estação, se toma um teleférico (a que chamam aeri) ou, a partir de Monistrol (um pouco mais à frente), a Cremallera. Como o nome indica, é um pequeno trem que sobe (e desce,claro) apoiado em carris e numa cremalheira, que o ajuda a vencer o grande desnível entre a gare de Monistrol (pequena aldeia de ar meio abandonado mas que com a recuperação deste equipamento talvez comece a ver dias melhores...) e o terreiro do santuário (assim ao jeito do Trem do Corcovado). O términus da cremallera é quase em frente da entrada da Abadia. Existem depois várias opções. Visitar a Abadia, prestando homenagem à Virgem de Montserrat, colocando-se na fila que sobe até à imagem da Virgem (colcada atrás e acima do altar), de cor negra, que tem o Menino ao colo, também ele negro. Chegar com a antecedência suficiente (antes da uma da tarde) para, juntamente com os outros fiéis, escutar a Escolanía (já mencionada por Afonso X, o Sábio, no século XIII em algumas das suas canções dedicadas a Montserrat) cantar o Virolai. (Para quem souber ler uma pauta musical, aqui e aqui podem ver poema e música.) Encher-se de coragem e fazer todo o percurso que leva até à Cova onde a imagem foi encontrada pela primeira vez (e onde está também uma imagem da Virgem). Subir no Funicular San Joan, até um local que fica um pouco mais acima da Abadia, e fazer depois a descida a pé (ou no mesmo funicular). Para os desportistas, há a hipótese de fazer escalada. Os caminhos nas rochas estão bem marcados pelas argolas (será esse o nome técnico?) lá deixadas.

Muitas contruções abandonadas indicam que já houve mais vida, mais actividade (espiritual ou não) por entre estes rochedos, mas parece haver um movimento de reanimação de toda a zona. Para quem quiser fazer um retiro espiritual, aqui tem todas as condições. E no Inverno, este deve ser um local bem fresquinho... Agora, Montserrat está assim. Num outro momento, houve quem tenha encontrado um rosto nas formações rochosas de Montserrat. Mas qualquer sítio mágico é assim. O Feng Shui ou os geomantes podem explicar melhor estas coisas.


Catalunha não é apenas Barcelona...

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