quinta-feira, junho 09, 2005

Contaminação
Deixei o cinema contaminar a literatura.
Depois da referência ao "The Maltese Falcon" no "Oracle Night" do Paul Auster, não descansei enquanto não li. Foi complicado encontrar a obra de Dashiell Hammett. Nem em português consegui encontrar. Passaram-se os meses e, finalmente, surgiram vários livros dele (Hammett, claro). Este "Maltese Falcon" é da Orion, editora londrina, incluído na coleção "crime masterworks".
Lá estava Sam Spade. "Samuel Spade's jaw was long and bony, his chin a jutting v under the more flexible v of his mouth. His nostrilscurved back to make another, smaller, v. His yellow-grey eyes were horizontal. The v motif was picked up again by thickish brows rising outward from twin creases above a hooked nose, and his pale brown hair grew down - from high flat temples - in a point on his forehead. He looked rather pleasantly like a blond satan." Esta é a descrição feita por Hammett. Quem é que eu vejo? Bogart. Humphrey Bogart. Quem oiço nos diálogos? Bogart.
Bogart é Sam Spade e não há volta a dar...
Escrito em 1929, John Huston transformou as palavras em imagens em 1941, nos estúdios da Warner.
E ao longo do livro, sempre as imagens. Porque é mesmo isso que parece: o guião de um filme. Um livro escrito para ser visto.
Irremediavelmente, o cinema, aqui, contaminou a literatura...

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