Vinicius e Botto
Hoje, dois poemas pequeninos, o primeiro de Vinicius e o segundo de António Botto. De Botto, poeta de escândalos e polêmicas, contemporâneo de Pessoa, falarei noutra altura.
Em minha tristeza, falam os poetas:
- Fala Vinicius
"A ESTRELA POLAR
Eu vi a estrela polar
Chorando em cima do mar
Eu vi a estrela polar
Nas costas de Portugal!
Desde então não seja Vênus
A mais pura das estrelas
A estrela polar não brilha
Se humilha no firmamento
Parece uma criancinha
Enjeitada pelo frio
Estrelinha franciscana
Teresinha, mariana
Perdidada no Pólo Norte
De toda a tristeza humana."
...e agora Botto
"Chora a amante esquecida,
Chora quem vai barra fora;
- Quem não chorou nesta vida
Se o próprio mar também chora?
Sim; tudo acaba num ai,
Num silêncio, num olhar,
Ou numa lágrima triste!
- Nem já sei se te beijei,
Nem me lembro se me viste...
É isto, apenas. O mais
É mentira e fantasia...
- Se a vida não fosse choro,
o que é que a vida seria?"
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