terça-feira, novembro 23, 2004

Austeridade


(não resisti ao trocadilho...)

Há dias tive o meu momento "austeriano". Para quem conhece a Trilogia de Nova Iorque (lamento não ser mais preciso, mas estas referências são de memória), entenderá o que se segue.
Toca o celular. Atendo. "Estou sim?..." Do outro lado: "Ah, pela voz, já vi que não é o A.". "Não, não, é engano." "Oh, peço desculpa". Desligamos. No minuto seguinte, volta o celular a tocar. A mesma voz. "Não entendo o que se passa. Este é o número que eu tenho...".
E de repente, me senti nessa estória do Paul Auster (se bem me lembro, a primeira da trilogia), em que um simples telefonema, por engano, desencadeia uma série de acontecimentos...
Também eu estava à espera que os acontecimentos se fossem desenrolando a partir daí.
O celular de novo. Atendo. "É o A.?" A voz era diferente. "Não, não, é engano". "Oh, peço desculpa".
Toca de novo. Identifico o número como sendo o do anterior telefonema e já não atendo.
E continuo a pensar no Paul Auster.
Ainda toca mais duas vezes. Não reconheço os números e não atendo.
Toca mais uma vez. Desta vez, é A. Pede-me desculpa pela série de telefonemas e explica então que, inopinadamente, sem entender como, as chamadas que eram feitas para o seu celular estavam a ser reencaminhadas para o meu. Rimo-nos os dois e falei-lhe desta sensação "austeriana". Ele riu-se novamente. E aproveitou para me aconselhar o último livro de Auster: "Oracle Night". Por coincidência, eu havia comprado o livro no dia anterior (edição paperback da Faber and Faber, porque a edição traduzida é o dobro do preço...), depois de haver lido a crítica que A. havia publicado num jornal. Aproveitou ainda para me aconselhar outro livro: "A Sombra do Vento", do catalão Carlos Ruíz Zafón. Será a próxima leitura, quando terminar "Oracle Night".
Claro, de seguida combinámos, ou melhor, falámos em combinar um encontro para breve, para podermos por nossos assuntos em dia. Veremos quando será possível...

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