Austeridade
(não resisti ao trocadilho...)
Há dias tive o meu momento "austeriano". Para quem conhece a Trilogia de Nova Iorque (lamento não ser mais preciso, mas estas referências são de memória), entenderá o que se segue.
Toca o celular. Atendo. "Estou sim?..." Do outro lado: "Ah, pela voz, já vi que não é o A.". "Não, não, é engano." "Oh, peço desculpa". Desligamos. No minuto seguinte, volta o celular a tocar. A mesma voz. "Não entendo o que se passa. Este é o número que eu tenho...".
E de repente, me senti nessa estória do Paul Auster (se bem me lembro, a primeira da trilogia), em que um simples telefonema, por engano, desencadeia uma série de acontecimentos...
Também eu estava à espera que os acontecimentos se fossem desenrolando a partir daí.
O celular de novo. Atendo. "É o A.?" A voz era diferente. "Não, não, é engano". "Oh, peço desculpa".
Toca de novo. Identifico o número como sendo o do anterior telefonema e já não atendo.
E continuo a pensar no Paul Auster.
Ainda toca mais duas vezes. Não reconheço os números e não atendo.
Toca mais uma vez. Desta vez, é A. Pede-me desculpa pela série de telefonemas e explica então que, inopinadamente, sem entender como, as chamadas que eram feitas para o seu celular estavam a ser reencaminhadas para o meu. Rimo-nos os dois e falei-lhe desta sensação "austeriana". Ele riu-se novamente. E aproveitou para me aconselhar o último livro de Auster: "Oracle Night". Por coincidência, eu havia comprado o livro no dia anterior (edição paperback da Faber and Faber, porque a edição traduzida é o dobro do preço...), depois de haver lido a crítica que A. havia publicado num jornal. Aproveitou ainda para me aconselhar outro livro: "A Sombra do Vento", do catalão Carlos Ruíz Zafón. Será a próxima leitura, quando terminar "Oracle Night".
Claro, de seguida combinámos, ou melhor, falámos em combinar um encontro para breve, para podermos por nossos assuntos em dia. Veremos quando será possível...
Sem comentários:
Enviar um comentário