quinta-feira, junho 10, 2004

Mais Rubem



"O que dá prazer e desprazer não são as coisas, mas as palavras que nelas moram. Como Zaratustra sugeriu, o que torna as coisas agradáveis são os nomes e os sons que lhe são dados." (p. 74)

"Deus pronuncia a Palavra e um universo aparece, como objeto de amor: um jardim, paraíso.
E ali a beleza toma uma forma humana: mulher e homem, imagem de Deus, espelho de Deus.
O que é um homem? Um homem é um vazio, o desejo por uma mulher.
O que é uma mulher? Uma mulher é um vazio, o desejo por um homem.
Eles são aquilo que não são...
A Palavra é masculina: a fala se projeta como falus, eleva-se e penetra, a fim de dar prazer e engravidar.
Pela palavra introduzo meu sêmen em outro.
O ouvir é feminino. O ouvido é um vazio, concha, um convite à palavra que lhe trará prazer e vida.
Mas a separação anatômica dos sexos é mais que um acidente biológico. Homem e mulher, sem separação e sem confusão, como no dogma cristológico, imagem de Deus. Perda eterna, desejo eterno. Deus é masculino e feminino, pai e mãe, homem e mulher, desejo do outro.
Aqui está a tragédia de Narciso: ele não desejava o que não tinha. Nele não havia vazios. Ele não podia sonhar... Nosso segredo é a androginia... A felicidade não é o prazer; é reunião com o objecto-espelho que reflete a ausência que em nós habita." (p. 77)

"Saudade: um nome que só pode ser pronunciado diante do Vazio..." (p. 71)

Se já entendi o que estou lendo? Vou ruminando...

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