quarta-feira, junho 09, 2004

Palavra



Descobri Rubem Alves aqui nesta minha atividade blogueira. Desde então, me fui cruzando com ele. Neste momento, ele é minha leitura de metrô. No bolso interior esquerdo do meu blusão de ganga (agora faz calor para andar de blusão mas... necessito dos bolsos para espalhar documentos, livros, tabaco...), sobre o coração, a minha companhia agora é "Lições de Feitiçaria - meditações sobre a poesia", das Edições Loyola. Como diz o autor, este é um texto para ser lido "vagarosamente, bovinamente, como quem pasta, como quem rumina..." (p. 14).
Nesta ruminação, me vou deparando com novas idéias, novas formas de ver. E como este espaço se chama Amnésia, descobri uma frase que pode ajudar a (re)enquadrar este mesmo espaço:
"É preciso esquecer a fim de lembrar,
É preciso desaprender a fim de aprender de novo..." (p.39)
E estas palavras surgiram na sequência de uma citação de Alberto Caeiro. Fui pegar no "Guardador de Rebanhos", tentando encontrar o poema completo. Mas foi este o poema que me escolheu. Pensando em janelas, transcrevo o poema III:

"Ao entardecer, debruçado pela janela,
E sabendo por cima dos olhos que há campos em frente,
Leio até me arderem os olhos
O Livro de Cesário Verde.

Que pena que tenho dele! Ele era um camponês
Que andava preso em liberdade pela cidade.
Mas o modo como olhava para as casas,
E o modo como reparava nas ruas,
E a maneira como dava pelas pessoas,
É o de quem olha para árvores,
E de quem desce os olhos pela estrada por onde vai andando
E vê que está a reparar nas flores que há pelos campos...

Por isso ele tinha aquela grande tristeza
Que ele nunca disse bem que tinha,
Mas andava na cidade como quem anda no campo
E triste como esmagar flores em livros
E pôr plantas em jarras..."

Mas de que trata este livro de Rubem Alves? Não sei ainda. Se já soubesse, logo no início, de nada serviria continuar...

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