Apelido
Coisa terrível é um apelido. Cola-se a uma pessoa como uma segunda pele e dificilmente sairá. Normalmente, só será esquecido se em determinado momento surgir outra apelido que remeta o primeiro para o limbo.
O apelido surge fruto do momento, devido à argúcia de quem o cria, se multiplica no meio em que o indivíduo se insere, e substitui qualquer outro tipo de identificação. Para todos os efeitos, o indivíduo perde o seu nome e passa a ser o seu apelido. Isto é especialmente verdade nos tempos de escola.
Mas o tempo va i correndo. A vida nos separa e os contatos entre todos são cada vez menos. Até um dia.
Até um dia em que vemos o nosso antigo colega. Será que ele se lembra de nós? Será que ele nos viu? Chamo? Não chamo? Huummm, ele agora deve estar bem de vida: terno completo de bom corte, a gravata parece de seda, os sapatos estão engraxados. Chamo? Não chamo? Mas qual é mesmo o nome dele? Paulo? João? Pedro? Não me parece. Só vem o apelido à ideia. Lembro que surgiu quando ele partiu o dedo da mão esquerda (o médio? o anelar?). Mas não. Não chamo. Não fica bem. Com um ar respeitável assim, não fica bem. É. Vou ficar calado. Deixo-o passar. Afinal, "Pé-de-cabra" era outro, "long time ago"...
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