terça-feira, setembro 16, 2003

O principezinho



"XVIII

O principezinho atravessou o deserto e a única coisa que encontrou foi uma flor. Uma flor de três pétalas, uma florzita de nada...
- Olá, bom dia! - disse o principezinho.
- Olá, bom dia! - disse a flor.
- Onde é que os homens estão? - perguntou delicadamente o principezinho.
Uma vez, a flor tinha visto passar uma caravana.
- Os homens? Tenho a impressão que só há uns seis ou sete. Vi-os há uns anos. Mas nunca se pode saber onde é que estão. O vento empurra-os de um lado para o outro. Não têm raízes e isso faz-lhes muita falta.
- Adeus - disse o principezinho.
- Adeus - disse a flor."

Desde já, as minhas desculpas às quatro leitoras deste meu blog. Se ontem o Petit Prince surgiu no original foi apenas por dois motivos: a edição francesa foi a primeira que me veio à mão e, depois, o meu francês é demasiado fraco para me poder dar ao luxo de fazer tradução para os outros. Hoje, tendo redimir-me, utilizando o mesmo trecho a partir de uma edição portuguesa. Mas creio que algo se perdeu entre o original e a tradução...
Porquê a escolha deste capítulo? Abri o livro ao acaso e foi este o trecho que me surgiu. Gostei da sua ambiguidade e postei-o. Foi só isso (mas eu continuo achando que as coincidências não são fruto do acaso...).
Falando deste livro de Saint-Exupéry, acho que é uma estória que vai crescendo connosco. Não é livro que se leia apenas uma vez (há quanto tempo não o lêem?). A cada nova leitura, vamos descobrindo aquilo que nos tinha passado desapercebido em anteriores leituras. Sentimos as palavras e os episódios de forma diferente. Aqui, neste momento, confesso que é um livro que me faz chorar. Ou quando as lágrimas não chegam a escorrer pelo meu rosto, fica um nó na garganta que me obriga a fechar o livro e a respirar fundo uma, duas, três vezes... Pronto, agora está dito.
E já que estou numa de confissão, há também um filme (entre outros, mas não muitos) que me causa o mesmo efeito: "Cyrano de Bergerac", com o Gerard Depardieu. É numa cena quase no final do filme (quase no final da vida...), quando Cyrano visita Roxane e esta percebe que afinal, quem lhe escrevia as cartas, não era Christian mas sim seu primo, Cyrano, que a havia vistado diariamente nos ultimos tempos e nada havia dito...
E por aqui me fico porque já estou falando de mais...

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